Reintegração de posse despeja mais de 60 famílias de área ocupada em Curitiba: ‘Desprezo e o descaso’
Coordenador do Movimento Popular por Moradia disse que a empresa dona do terreno se negou a entrar em acordo com a Cohab para que as famílias deixassem o local de forma voluntária.
Pelo menos 67 famílias foram despejadas nesta terça-feira (9) de uma área privada ocupada por elas há cerca de um ano, na Cidade Industrial de Curitiba (PR), após o cumprimento de uma ordem judicial de reintegração de posse. A ocupação Tiradentes II, localizada às margens de um aterro sanitário, foi estabelecida em um terreno que pertence à Solví Essencis.
O despejo das famílias ocorreu em meio a uma negociação entre os moradores da comunidade e a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab). A ordem judicial foi cumprida pela Polícia Militar (PM) por volta das 6h.
À Banda B, moradores da área ocupada disseram que a PM e o Corpo de Bombeiros estiveram no local para cumprir a reintegração de posse, assinada pela juíza Franciele Cit, da 17ª Vara Cível de Curitiba, no mesmo dia em que a Cohab e a Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social (Sudis) fariam o mutirão final de cadastramento das famílias para acesso a um auxílio-moradia.
“O cumprimento absurdo de uma reintegração de posse em vias de uma negociação pacífica mostra o desprezo e o descaso das autoridades e da parte autora, a Essencis Soluções Ambientais, com a grave situação de abandono das famílias que não têm condições de arcar com os custos do aluguel e são empurradas para uma situação habitacional extremamente precária”, afirmou o Movimento Popular por Moradia (MPM).
Coordenador do MPM, Chrysantho Sholl Figueiredo afirmou em uma rede social que a empresa se negou a entrar em acordo com a Cohab para que as famílias deixassem o local de forma voluntária. “A empresa preferiu o despejo violento, especialmente em um dia frio como esse, em que as pessoas estão tendo que desmontar seus barracos para poder cumprir a reintegração de posse”, disse ele.
“A Essencis preferiu se recusar ao acordo e fazer a desocupação violenta com máquina de destruição, bala de borracha, gás lacrimogêneo e todas aquelas coisas que a gente conhece”,Coordenador do MPM, Chrysantho Sholl Figueiredo.
O que diz a Prefeitura de Curitiba
Procurada pela Banda B, a Fundação de Ação Social (FAS) da Prefeitura de Curitiba informou que órgãos da administração municipal estão prestando suporte às famílias afetadas pela ordem de reintegração de posse.
A prefeitura disse que foi oferecido auxílio-moradia aos moradores até que as obras das novas moradias definitivas fossem concluídas. No entanto, apenas 20 moradores teriam aceitado o benefício — apenas um terço do total teria apresentado os documentos necessários para receber o auxílio.